No seu primeiro livro, intitulado de "Planisfério Pessoal", são recolhidas as crónicas semanais que o autor enviava para o Expresso, publicadas ao longo de 19 meses. Gonçalo, lançado numa viagem à volta do Mundo, fazia questão de nunca utilizar o transporte aéreo. O resultado final não é uma simples colecção de experiências de viagem. Para lá de todas as peripécias do itinerário ou do contacto com sociedades exóticas, o viajante aborda questões tão diversificadas como a distorção das práticas de cooperação internacional, a indiferença cívica e activista dos portugueses ou a dívida histórica do capitalismo em relação à América Latina.
"Planisfério Pessoal" é ao mesmo tempo profundo mas divertido, informado mas despretensioso, crítico mas optimista, confessional mas reservado. E, fundamentalmente, um convite à viagem, à partilha da viagem e, de um modo geral, a desfrutar da vida de uma forma intensa e deslumbrada.
Fica um pequeno excerto, para colocar água na boca. Compre e delicie-se com paragens exóticas. Vai ver que não se arrepende. São mais de 33 fronteiras cruzadas e um sem fim de incidentes burocráticos. Imperdível! Lê-se de um só fôlego e permite sonhar. Com personagens exóticas, lugares de beleza indescritível e culturas singulares.
"Belize é um país curioso: tem menos habitantes do que o Porto e menos território do que o Alentejo. As pessoas descendem de escravos de África, de índios do Iucatão e de piratas de Gales. É domingo, e da janela do autocarro vejo homens e mulheres altos, bonitos, com ombros largos, cintura estreita, rabos perfeitos. Caminham pela berma, muitos voltam da missa e estão vestidos com combinações de cores que um europeu nunca saberia inventar. Penso que devem todos dançar divinamente. É fácil defender que existem raças superiores, pelo menos existem ao domingo à tarde nas bermas das estradas do Belize.»
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